
Esta terminologia está sendo usada abandonando a palavra "surdo-cego" em defesa de que a condição imposta pela surdocegueira não é simplesmente a somatória de duas deficiências e sim uma dificuldade com características únicas que deve ser tratada de modo especial, pelas dificuldades que as pessoas surdacegas tem para contatar o mundo e conseguir inserir-se nele ( Lagati - 1995 ).
É uma deficiência única, com graves perdas visual e auditiva combinadas. Essa condição leva a pessoa surdacega a ter necessidade de formas específicas de comunicação, para ter acesso a educação, lazer, trabalho, vida social, etc... Não há necessariamente uma perda total dos dois sentidos.
A surdocegueira é uma condição singular na qual um indivíduo encontra-se privado, totalmente ou parcialmente, dos sentidos considerados por muitos como os mais importantes no processo de interação do ser humano com o seu meio: a visão e audição. O sujeito que traz consigo esse déficit apresenta como conseqüência necessidades específicas para se comunicar e interagir com o seu redor.
Se essas necessidades não forem devidamente supridas, conseqüentemente, este sujeito se auto-isolará, fechando-se em si mesmo, como numa “prisão escura e silenciosa”, onde tudo o que está além de seus “muros” se faz desconhecido e aterrador.
Ao longo da história dessa deficiência inúmeras pesquisas foram realizadas em seu entorno, assim como também foram inúmeras as nomenclaturas usadas para designar esse tipo de limitação. Tais nomenclaturas foram resultados de longos períodos de estudos através da observação dos atendimentos feitos por especialistas a estas pessoas.
Entre as muitas designações dadas a essa deficiência podemos então citar as seguintes: Dupla Privação Sensorial (DPS), Múltipla Privação Sensorial (MPS), Deficiência Áudio-Visual (DAV), Deficiência Auditiva e Deficiência Visual (DA/DV), Surdez-Cegueira e, finalmente, Surdocegueira. O uso desse último termo (sem hífem) deve-se ao fato de os efeitos da surdocegueira serem multiplicativos quanto aos comprometimentos sensoriais, e não apenas aditivos como muitos supõem.
Assim, esta terminologia foi adotada como defesa de que a condição imposta pela surdocegueira não é simplesmente resultado da somatória entre surdez e cegueira, ao contrário, trata-se de uma dificuldade com suas características próprias, distintas tanto das presentes na surdez, como das encontradas na cegueira. Por isso as dificuldades do surdocego devem ser tratadas de forma ainda mais especial em função do difícil contato deste com o mundo exterior e seus habitantes.